Baianas de Coqueiro Seco

Nome Completo: Baianas de Coqueiro Seco

Trios / Bandas / Orquestras

Está em atividade: Não

Cidade de Origem: Coqueiro Seco

Biografia

Origens: do maracatu ao baianado em Alagoas

A tradição das Baianas em Alagoas se estrutura como uma variação local de cortejos do maracatu do sul de Pernambuco, que, ao cruzar fronteiras, foi se “alagoanizando” em música, dança e poesia própria — o chamado baianado. Em Coqueiro Seco, essa forma ganhou grupo próprio, com formação coral feminina e uma mestra à frente, figurinos marcantes e percussão pulsante. O calendário, que já transitou pelo carnaval, migrou para o ciclo natalino ao longo do século XX, em parte como estratégia de sobrevivência diante de contextos de repressão religiosa às casas de culto afro na capital. O episódio extremo foi o “Dia do Quebra” (1912), quando terreiros foram invadidos e depredados em Maceió — marco que redesenhou práticas públicas de religiosidade e festa na região.

Interrupção e silêncio (1958–2005)

O grupo interrompeu atividades em 1958 e permaneceu 47 anos inativo, deixando lembranças dispersas entre antigas integrantes e na memória comunitária. A ausência de política continuada de registro/arquivo e a urbanização acelerada contribuíram para esse hiato. Esse dado aparece de forma clara no encarte e nas notas de lançamento do registro fonográfico contemporâneo do grupo.

Retomada e salvaguarda (2005 em diante)

A retomada se deu em 2005, por força de um encontro entre pesquisa de campo e mobilização comunitária. A pesquisadora Renata Mattar identificou a Mestra Dulce como última guardiã viva da tradição; com a organização local de Lucimar e os ensaios de Dona Luzia (baiana dos anos 1950), a brincadeira foi cuidadosamente reconstruída e recolocada em cena. Registros audiovisuais do período mostram Dona Luzia e integrantes da Chegança Silva Jardim em 2005, evidenciando a rede de folguedos de Coqueiro Seco e o papel dos mestres locais na reativação do repertório.

Repertório, estética e cena

Musicalmente, o baianado combina células rítmicas do coco e da marcha com cantos responsoriais (mestra/coro), letras que alternam crônica do cotidiano, devoção popular, humor, “jogos de palavra” e auto-referências ao próprio ofício das baianas. A instrumentação percussiva sustenta o “balanço” do cortejo e as entradas coreográficas. Os registros de estúdio do retorno mantêm o protagonismo da mestra (voz guia) e o coro de baianas, com percussões gravadas em Coqueiro Seco (2006)

Ecos contemporâneos e influência

A linguagem das baianas alagoanas entrou no radar da música brasileira de diversas maneiras. Um dos casos mais citados é a presença de um sample de “Boa Noite”, na canção “A Cidade” (1994) do Chico Science & Nação Zumbi. O crédito de fonte indica Baianas de Ipioca (Maceió, 1977) — um coletivo da mesma família de manifestações de baianas em Alagoas — o que mostra como o universo das baianas alagoanas foi apropriado e reimaginado na estética manguebeat. Essa referência ajuda a compreender a capilaridade cultural do baianado: do folguedo comunitário aos palcos e estúdios da música pop brasileira.

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