Clemilda – Rainha do Forró

Nome Completo: Clemilda Ferreira da Silva

Radialista / Apresentador(a), Cantor(a) / Intérprete, Compositor(a)

Nascimento: 01/09/1936

Está em atividade: Não

Falecimento: 26/11/2017

Cidade de Origem: São José Da Laje

Bairro de Origem: Não informado

Biografia

Clemilda Ferreira da Silva (1936–2014), nascida em São José da Laje e criada em Palmeira dos Índios (AL), foi uma das intérpretes mais inventivas e populares do forró brasileiro. Dona de voz clara, forte presença de palco e estilo irreverente, ficou consagrada como Rainha do Forró. Sua obra atravessou gêneros tradicionais da cultura nordestina — forró, coco, vaquejada e pastoril — sempre reunindo humor, crítica social e lirismo. Ao lado do sanfoneiro Gerson Filho, com quem teve o filho Robertinho dos Oito Baixos, construiu um legado que permanece vivo, hoje entre os mais executados nos streamings de música no Brasil.
Infância e Início da Trajetória:
Nascida em 1º de setembro de 1936, em São José da Laje (AL), Clemilda cresceu em Palmeira dos Índios, agreste do estado. No início dos anos 1960 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou em serviços domésticos até ser descoberta no programa Crepúsculo Sertanejo, da Rádio Mayrink Veiga, apresentado por Raimundo Nobre de Almeida. Ali conheceu o sanfoneiro Gerson Filho, mestre da sanfona de 8 baixos, iniciando uma parceria artística e conjugal que marcaria sua trajetória. Teve dois filhos: José Adeildo e José Roberto, conhecido artisticamente como Robertinho dos Oito Baixos, que seguiu a tradição musical e tornou-se importante sanfoneiro
Carreira e Versatilidade Musical:
A estreia em disco veio em 1965, com Forró sem Briga, seguida de Gerson Filho apresenta Clemilda (1967), que consolidou sua carreira solo. Ao longo de cinco décadas, gravou cerca de 40 discos, entre LPs e CDs, construindo uma obra marcada pela pluralidade estética: interpretou forró, baião, xote e xaxado, mas também explorou gêneros como o coco, a vaquejada e o pastoril, reafirmando sua ligação com e repertório nos movimentos da cultura popular.
Forró de Duplo Sentido & Parcerias Musicais:
Clemilda tornou-se ícone do chamado forró de duplo sentido ou forró malícia, gênero caracterizado pelo humor, a irreverência e a oralidade popular. Canções como Prenda o Tadeu (1985, de Antônio Sima) e Forró Cheiroso (1987, de Miraldo Aragão) são marcos desse estilo, ambos premiados com Disco de Ouro. Também se destacou em parcerias com Sandro Becker (no álbum Sacradance, 1996), além da longa trajetória com Gerson Filho. Essa rede de colaborações ampliou o alcance de sua música e reforçou seu papel como figura central na cena do forró.
Promoção Midiática e Fortalecimento do Forró:
Além dos discos, Clemilda levou o forró à mídia televisiva e radiofônica. Por mais de três décadas apresentou o programa Forró no Asfalto, primeiro na Rádio Difusora e depois na TV Aperipê (SE). Esse espaço tornou-se uma verdadeira “escola cultural”, dando visibilidade a artistas consagrados e emergentes, fortalecendo a identidade nordestina e consolidando Clemilda como comunicadora popular.
Prêmios e Homenagens
O legado de Clemilda permanece vivo não apenas nas gravações e nos palcos, mas também no reconhecimento institucional e popular. Em Alagoas, a Secretaria de Estado da Cultura (Secult-AL) criou, sob a gestão da secretária Mellina Torres Freitas, o Prêmio “Clemilda – A Rainha do Forró”, lançado em 2022 e mantido em 2023, voltado à valorização das tradições juninas. O edital contemplou expressões como Bumba-meu-boi, Coco de Roda, Quadrilhas, Violeiros/Emboladores e Trios de Forró Pé-de-Serra, reforçando a importância da artista como símbolo da cultura popular nordestina.
Em Sergipe, onde consolidou grande parte de sua carreira, Clemilda é lembrada todos os anos nas festas juninas. O Forró Caju, maior evento junino do estado, batizou estruturas permanentes com seu nome: o Arraiá da Clemilda (em edições passadas) e o Casarão da Clemilda, espaço que abriga programação especial, em diálogo com o Palco Gerson Filho. Já no Arraiá do Povo, promovido pelo governo estadual, houve em 2015 a instituição de um Ano Cultural em homenagem a Clemilda, com a criação do Palco Clemilda, reafirmando sua condição de ícone junino.
Essas homenagens — tanto em editais de fomento quanto em espaços de celebração popular — atestam a dimensão de Clemilda como patrimônio cultural imaterial e referência feminina no forró, perpetuando sua memória para as novas gerações.

Caráter de Educação Patrimonial:
Clemilda não foi apenas uma intérprete popular: sua trajetória evidencia o forró como patrimônio vivo, transmissor de valores, saberes e identidades. Mulher em um espaço majoritariamente masculino, abriu caminho para vozes femininas no gênero; em suas canções, articulou linguagens da tradição oral, do humor e do duplo sentido; transitou entre múltiplos estilos da cultura nordestina, preservando e difundindo repertórios da cultura popular; e transformou o Forró no Asfalto em espaço de educação cultural e mediação patrimonial. Seu legado, hoje continuado por Robertinho dos Oito Baixos e revalorizado por novas gerações, é prova de que sua música permanece como elo vivo da memória e da identidade do forró brasileiro.

Trio Nordestino
Toninho Copacabana
Sandro Becker
Genival Lacerda
Dominguinhos
Anastácia

Mestres de referência

(com quem aprendeu?)

Sua principal referência foi Gerson Filho, mestre da sanfona de 8 baixos, com quem iniciou a carreira e construiu a base de sua sonoridade. Ao longo da trajetória, dialogou com compositores como Antônio Sima (autor de Prenda o Tadeu), com quem consolidou seu estilo de forró de duplo sentido. Também absorveu influências dos intérpretes com quem dividiu palcos e programas, ampliando seu repertório a partir do cancioneiro regional — coco, pastoril e vaquejada.

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Discografia

1965 – Forró sem Briga – Tropicana / Discobrás

1967 – Gerson Filho apresenta Clemilda – RCA Victor (com Gerson Filho)

1968 – Rodêro Novo – RCA Victor

1970 – Fazenda Taquari – RCA Camden

1971 – Ranchinho Velho – Musicolor

1972 – Morena dos Olhos Pretos – Musicolor

1973 – Seca Desalmada – Musicolor

1975 – Exaltação a Sergipe – Musicolor

1976 – A Coruja e o Bacurau – Musicolor

1977 – Forró no Brejo / Clemilda (autointitulado) – Musicolor

1978 – Guerreiro Alagoano – Musicolor

1979 – Vaquejada / Vamos Festejar – Musicolor

1980 – Coqueiro da Bahia – Chantecler

1981 – Varanda do Castelo – Chantecler

1982 – O Balanço do Forró – Chantecler

1983 – Comedor de Jacá – Musicolor

1984 – Chico Louceiro – Musicolor

1985 – Prenda o Tadeu – Continental (Disco de Ouro)

1986 – A Minhoca do Severino – Continental

1987 – Forró Cheiroso (Talco no Salão) / Forró & Suor – Chantecler (Disco de Ouro)

1988 – Amor Escondido – Chantecler

1990 – Coitadinha da Tonheta – Chantecler

1991 – Em Tenção de Você – Chantecler

1992 – Aquilo Roxo – Chantecler

1993 – Hoje Eu Tomo Todas – Chantecler

1996 – Sacradance (com Sandro Becker) – Columbia (CD)

2000 – Eu Só Quero um Forró – BMG (CD, com Gerson Filho)

2004 – Caminhos do Prazer – RB Music (CD)

2006 – Forró Bom Demais – Ouro Records (CD)

2007 – O Melhor do Porno-Forró de Clemilda – Brasilmusik (CD)

2014 – 50 Anos de Carreira – Morena dos Olhos Pretos (Trilha do documentário) – (CD)

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