Luiz Wanderley (1931–1993), cantor e compositor de Colônia Leopoldina/AL, foi um dos artistas mais irreverentes e pioneiros da música popular brasileira. Gravou seu primeiro 78 rpm em 1952, tornando-se, logo após Luiz Gonzaga, o segundo artista a registrar o “novo forró” em disco, antes de Gerson Filho e Jackson do Pandeiro. Extremamente versátil, gravou forró, samba, bolero, marchinhas e até rock. Autor de Matuto Transviado (Coronel Antônio Bento), regravada por Tim Maia, Araqueto, Kássia Eller, Beth Carvalho, João Nogueira, Mestre Zinho e muitos outros, deixou uma obra marcada pela crítica social, pela boemia e pela ousadia artística.

Infância e formação

Nascido em Colônia Leopoldina, em 1931, Wanderley teve como referência inicial seu tio João Luiz, sanfoneiro. Desde cedo circulou entre repertórios populares nordestinos e músicas urbanas.

Início da carreira

Gravou seu primeiro 78 rpm em 1952, pela Star, com sambas e marchinhas. Esse disco o coloca como um pioneiro do forró gravado, imediatamente após Luiz Gonzaga e antes de Gerson Filho e Jackson do Pandeiro.

Carreira artística e irreverência

Ao longo das décadas de 1950 a 1970, construiu uma trajetória marcada pela versatilidade: gravou forró, baião, samba, marchinhas carnavalescas, boleros e até rock. No LP O Versátil (1963), mostrou essa amplitude, interpretando desde clássicos como Número Um (Mário Lago/Benedito Lacerda) até Vingança (Lupicínio Rodrigues). Participou também de três filmes musicais (ainda a identificar os títulos), que ampliaram sua presença cultural para além da música.

Crítica social e engajamento

Wanderley era artista crítico e provocador. Em Bossa Nova de Araque, defendeu o samba de raiz e acusou a Bossa Nova de americanização, citando grandes nomes como Nelson Gonçalves, Emilinha Borba, Orlando Silva e Anízio Silva como legítimos representantes do samba. Em Matuto Transviado (Coronel Antônio Bento), tratou do êxodo rural e das desigualdades sociais, compondo uma das mais importantes canções de crítica social da música popular brasileira, amplamente regravada em outros gêneros.

Homenagens e composições marcantes

Escreveu O Homem de Caxias, em homenagem ao também alagoano Tenório Cavalcante, figura política marcante no Rio de Janeiro. Suas composições foram gravadas por artistas de diferentes estilos, como Tim Maia, João Nogueira, Beth Carvalho, Kássia Eller, Araqueto e Mestre Zinho, provando sua capacidade de dialogar com múltiplas vertentes da música popular.

Legado

Luiz Wanderley ficou na memória como um artista boêmio, irreverente e versátil, que desafiava fronteiras musicais e defendia a autenticidade da cultura popular. Faleceu em 1993, em Rio Tinto (PB), mas permanece como referência indispensável para a memória cultural de Alagoas e para a história do forró e da música brasileira.